-Evandro, onde você estava com a cabeça quando resolveu comprar essa televisão?!
-Ah, meu amor, a nossa já estava tão velhinha, e você mesma me dizia que uma TV maior ia ser muito melhor para ver os filmes. Então, tava barato, resolvi comprar.
- Você nunca me dá ouvidos, esqueceu que este mês é mês de matrícula dos meninos, tem que comprar material escolar, e fora aquela prestação do som! Tá achando que teu salário vai dar conta de tudo?!
- Eu sei, eu sei...
- Sabe nada! Quer saber? Sempre achei que você devia levar as coisas mais a sério. Incluindo nosso casamento.
Gláucia fechou a porta do quarto, esgueirou-se na cama em uma queda impactante, e se põs a esgoelar em lágrimas e soluços. Não era a vida com que sonhara. Em sua cabeça, tinha todos os motivos para sua tristeza irrompante: o marido recém empregado numa loja de sapatos, num emprego que mal dava para pagar as despesas, a bronquite da filha, que tossia e chiava em madrugas frias naquela quitinete paulistana, aquelas gargalhadas gordas de seu chefe, o sr. Moreira, sua solidão resumida à vidinha micro-familiar, aquele arroz com salsicha de que estava cansada de fazer de almoço...merda de arroz! O arroz....o arroz!!!!!
Correu à cozinha, esbaforida, e sentindo um cheiro de queimado. Nem Evandro, nem a TV, estavam mais na sala.
Muito bom!
ResponderExcluirDeveria escrever mais desses pequenos contos. Adoro! Não que os outros texto informativos não estejam bons, estão otimos. Seu blog está muito bom. Mas é que adoro esses pequenos casos. :)
Inté.