"Sabe o que é? Nunca procurei respostas. As perguntas, elas sim, me incomodam: ressoam, reverberam, ricocheteiam. É tipo um masoquismo da dúvida."

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Hay que suavizar pero sin perder la conjetura jamás


E o Chile se descompassa da dança...


Atravessando a fase da recente experiência democrática latino-americana, o Chile elegeu seu novo presidente com as esperanças de, segundo o próprio eleito, Sebastián Piñera, "promover mudanças necessárias ao país". A pergunta que não quer calar é: foi a incapacidade da popularíssima ex-presidente Michelle Bachelet transferir seus votos a Eduardo Frei? Ou há algo tão estreito quanto o Chile a rondar os entornos do Palácio de La Moneda?


Fato é que as reformas implementadas no governo Bachelet, apesar de controversas, foram bem aceitas pela população: auxílios aos necessitados nas regiões semi-polares do país, reforma da saúde com a construção de hospitais e a inserção de uma agenda ambiental para as políticas de governo. E, claro, como não poderia deixar de ser, o bom momento em que respirou a economia chilena nos últimos quatro anos, apesar da crise econômica atual, com o aumento expressivo das exportações de cobre e o crescimento de atividades relacionadas a essa indústria.


Bem, o resultado "en Chile" só nos mostra os desafios da esquerda (moderada?) sulamericana...E os custos do jogo democrático. A abominável tendência presidencialista, que chacoalha carismas ao sabor de ondas marqueteiras, coloca os preços dos projetos de governo sob o dilema das rupturas. "O que é bom tem que continuar", essa é a melhor expressão em campanhas eleitorais. Mas a realização dos governos passa por problemas da administração que vão muito além de belos discursos. Sacrifícios sempre ocorrerão: ora de camadas sociais, ora de agentes econômicos, ora do próprio Erário. O peso de uma escolha é a exclusão, gregos jamais foram troianos. "Concertación" é lindo como um Boticelli, mas inóspito feito um Casper David.


É o desafio para as eleições brasileiras de 2010. A esquerda petista terá de assumir os riscos do presidencialismo, transferir votos de Lula a Dilma sem acreditar em projeções ilusórias de vitória antes da hora.


Enquanto no Chile, a empresa (AXXXION) de que é grande acionista Piñera teve alta espetacular no mercado de títulos, após sua eleição. Tudo na mais bela clareza entre empresariado e política.


Foi um passo estrambelhado à direita, na dança sulamericana.



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