"Sabe o que é? Nunca procurei respostas. As perguntas, elas sim, me incomodam: ressoam, reverberam, ricocheteiam. É tipo um masoquismo da dúvida."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Decerto, um decreto e um cargo nada discreto


Por mais enfadonho que pareça, não poderia deixar de registrar.

Um telefonema ao Gabinete da Presidência da República. Não consegui encontrar um Decreto novo, assinado ontem a quatro mãos, com o Ministro da Justiça. Decreto que instituiu bolsas de capacitação e treinamento de pessoal envolvido com Segurança Pública (policiais militares, guardas municipais, bombeiros) que atuarão nas cidades sede da Copa do mundo no Brasil. Uma inciativa e tanto, especialmente visando instruir os agentes de segurança pública em assuntos como direitos humanos, respeito a diversidade cultural, religiosa, sexual, étnica (sim, ainda no Brasil há uma necessidade expressiva de expurgar certas heranças coloniais abraçadas por gerações, e provincianismos tacanhos que não condizem com esse mundo dos intercâmbios constantes).

Ao que me veio não uma, mas duas ou três transferências de ligações, jurídico, legislação, até que me promoveram o encontro com uma voz arrastada, de sotaque carregado (Alagoas, talvez). Ia olhar se o Decreto havia sido publicado no D.O.U. Não. Teria de esperar.

Saí do momento com as indagações sobre o que deveria ser Presidente da República. Tá, sabemos todos do excesso de argumentações infantis que cerceiam a figura: todas as vicissitudes da máquina estatal, dos diferentes níveis de poder são canalizados na artificial instância do presidencialismo: o voto mais disputado por esbofeteamentos e debates quentes. Me fez lembrar até de uma entrevista de recenseamento, há uns quatro anos, com uma senhora de Raposos: "moço, o rio enche sempre e inunda minha casa, você devia falar com o Lula isso".

O chefe da Administração Pública federal, conhecer o que se passa em Ministérios, Secretarias, o que os outros poderes têm feito, e o comportamento de suas instituições no curso do jogo democrático. Além de política internacional. São os exageros da centralização administrativa. Necessária? Sempre me pareceu mais atrativo contrabalançar poderes: algo com leve cheiro de mandatos consulares em Roma antiga: um cônsul para assuntos exteriores, um para política e arranjo institucional, um para administração. Mas esfriaria a atratividade do cargo, e seus desdobramentos eleitorais.

Fato é: eu não dormiria muito bem com responsabilidades semelhantes.

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