
Reproduzir antagonismos, em cortes profundos entre carência e oportunidade, nunca me pareceu muito concreto. Nasci num mundo dividido, porém fraquejante e pulverizado, bombardeado pela brevidade inquieta do século.
Evacuação propalada aos quatro cantos, conceitos refeitos numa lógica plástica, mutante. Não sou capaz de traçar linhas fronteiriças, efeitos de uma geração cujas curvas que gere são famintas: ânsia por encontros improváveis, e decisões terminativas.
A sociedade em defesa, por homens cujo foco esteve nessa lógica determinante dos passos seguintes: social, plural, diverso, múltiplo. Em que pesem todos os excessos, o tempo da alteridade não é somente o meu, mas de todos. A dicotomia entre iguais e livres, essa virou sucata, e está dançando sozinha ao ritmo de lambada. Não é o espaço para tal, sabe-se que ninguém é igual num planeta de famintos, miseráveis, digeridos pelas perversões e caprichos de um jogador mimado, que vive em crises constantes.
Jogador que pode ter perdido algumas fases, cochilado em breves períodos, mas jamais largou o controle. Distribui discursos esvaziados, como bônus a suas personagens. E se diverte, com o homo faber, em sua inércia esgotante e, paradoxalmente, inesgotável.
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