"Sabe o que é? Nunca procurei respostas. As perguntas, elas sim, me incomodam: ressoam, reverberam, ricocheteiam. É tipo um masoquismo da dúvida."

sábado, 29 de maio de 2010

I-Mensa

Entre um purê de batata, um arroz, e umas colheradas grudentas de suflê, alguns olhares trocavam. Uma bandeja, um redor amplo, vozes, restaurante universitário. Diziam. Olhavam-se uma conversa de atenções recíprocas:

-Sabe, nunca entendi isso de saudade. Acho que é insatisfação com o presente. Que parece cada vez mais demorar a passar. Ao final, envelhecemos e nos tornamos velhos saudosistas, jogando damas na praça.

-Você sabe que se a vida passa, a culpa é de quem vive. Mesmo que insatisfeito com o presente. As pessoas passam, as coisas perecem, a matéria é destruída, transformada ou qualquer baboseira que Lavoisier tenha dito. Mas a lembrança, essa permanece.

-Queria não viver delas. Acho que me iludo às vezes.

- Se está iludido, é porque vive. Outra coisa não poderia fazer nesse jogo, em que pelo menos termina algum dia. E sem vencedores ou perdedores que não um só. Diariamente.

-Te amo.  

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