"Sabe o que é? Nunca procurei respostas. As perguntas, elas sim, me incomodam: ressoam, reverberam, ricocheteiam. É tipo um masoquismo da dúvida."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Nascimento de Abigail.

Quero criar. Fiat lux, facio vitam. Fictícia, concordo. Rasguei as entranhas, rejuntei aminoácidos, proteína. Expeli líquidos, misturei todos eles. Uma manipulação que impõe medo. Desses, que fazem ranger dentes, criam carolas apavoradas, rezas de interior, velas acesas. Clonagem, reprodução assistida. Traz medinhos em gente pouca.

Assistam a Abigail. Entre um sufoco e outro grito, cachorrinho, cachorrinho. Aquela cena estava um nojo. Importava pouco de onde viera, aquele ambiente pedregoso, de varas de açúcar nada doces e marmitas, dormitórios coletivos e gosserias de tratos e mãos. Sobrava placenta, sangue, e dor. Muita.

Que referências poderia ter? A monocultura, o capataz que lhe perseguia, Padre Tadeu, as cobras perversas, a queimada. A usina. Os caminhoes.  

Importantes, os caminhões. Eles vão e vem, na velocidade industrial. Chegam pessoas, saem outras, chegam máquinas e sai açúcar. Uma saída. Transe. 

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